CONTOS DO FERREIRO TORTO

Macaíba Assombrada: Ferreiro Torto é ainda hoje um lugarejo de Macaíba, e, quando há vinte e sete anos pela última vez o revi, estive na propriedade do “coronel” Francisco Coelho (descendente do outro?), com casa-grande, plantação de banana, caieira e mata de lenha, cujos produtos eram embarcados em botes e batelões que atracavam, em trapiche de madeira (*).

Ao lado da crônica social dessa casa-grande, moradia de antigos abastados, existiam duas versões lendárias a respeito do lugar: a luz incandescente que, vez por outra, surgia misteriosamente nas ruínas de parede grossa que ficavam no cocuruto de um morro do outro lado da estrada de rodagem, a que chamavam o “castelinho mal-assombrado”; e a mina de dinheiro enterrada em baixo do solar e cuja entrada secreta mostrada em sonhos a várias pessoas pela mesma aparição (um “lorde”, como descrevia a tradição oral dos moradores da vizinhança e de velhos criados do solar), era uma larga porta pesada sem serventia, nos fundos da casa, e da qual se dizia ser a entrada de um túnel subterrâneo que, atravessando a largura do rio, ia dar na outra margem.

*Fontes
(O texto foi extraído das páginas 125 e 126 da 2ª edição do livro Província Submersa, do macaibense Octacílio Alecrim, publicada em 2008 pelo Instituto Pró-Memória de Macaíba-RN em parceria com o Senado Federal)
(A ilustração foi produzida pelo pesquisador Silva Nunes fotografando parte da página 443 da 2ª edição do livro “Memórias”, do macaibense Eloy de Souza, publicada em 2008 pelo Instituto Pró-Memória de Macaíba-RN em parceria com o Senado Federal)