Saiba tudo o que aconteceu na Audiência Pública sobre Igualdade Racial, na Câmara Municipal de Macaíba
A Câmara Municipal de Macaíba, juntamente com a Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (COEPPIR), promoveram, na tarde dessa terça-feira (21), a primeira Audiência Pública sobre a Igualdade racial no município de Macaíba. Na ocasião, estavam presentes representantes do povoado quilombola de Capoeiras, de vários terreiros de Unbanda e Candomblé, do povo negro e do povo cigano. Abaixo, veja um resumo das principais falas desse evento histórico para a cidade de Macaíba.
Sargento Regina
“De abril de 2016 até setembro de 2017, a Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial recebeu 63 denúncias de racismo e intolerância religiosa. Racismo de várias faces. Nós temos o racismo institucional, que é aquele que está enraizado dentro dos órgãos públicos. Em minha opinião, essa é mais perversa forma de racismo, porque tira do cidadão e da cidadã negra o direito fundamental às políticas públicas de qualidade. (…) Parabéns senhores e senhoras vereadoras. Tenho certeza que depois dessa audiência muita coisa positiva para Igualdade Racial deste município vai acontecer. Através do vereador Emídio, deixarei um pedido para que essa Casa possa solicitar a criação de um Conselho de Igualdade Racial no Município de Macaíba. Nesse conselho será contemplado as comunidades quilombolas, indígenas, de terreiros, ciganos, movimento negro organizado, os jovens negros da periferia. Também estaremos pedindo que o Município de Macaíba crie sua Coordenadoria de Igualdade Racial.
Babá Leandro de Oxóssi
“Sofri com uma certa discriminação na escola por ser filho de uma pai de santo, por ser de uma religião de minoria, ser diferente e por chamar o nome de Deus de Oxalá. Eu sofri esse preconceito. Sou uma prova viva de que o preconceito, talvez, não tenha abalado a minha fé e nem mudado o meu caráter, mas fiquei mais convicto do que eu sou e que eu tenho que seguir. Não foi difícil ser filho de Dedé de Macambira, mas foi difícil ser taxado de macumbeiro, catimbozeiro, xangoseiro e diversas outras forma de preconceito.”
Professora Ermelina Palhares
“Nós temos uma grande temática de violência com várias faces, dentre elas, a intolerância religiosa, o preconceito ao negro, os termos que vão atenuando a negritude, que foram construídos e que só nós professores poderemos desconstruir. Somos os primeiros profissionais a construir e desconstruir conceitos.”
Sergio Nascimento
“Seu Manoel, analfabeto, tinha um sonho de ver os seus sete filhos alfabetizados. Em meados dos anos 60, seu Manoel cela o seu jumento e vem até Macaíba ao lado de Zeca Irineu, pai do ex-vereador Zé Irineu, e vieram na casa da então prefeita Mônica Dantas e ele fez um pedido: queria apenas que lá fosse construída uma escola para que os meninos de capoeiras, juntamente com os filhos dele, fossem alfabetizados. E dona Mônica, numa atitude brilhante construiu a escola. (…) A escola se chama Santa Lúzia. Tenho certeza que Santa Lúzia não ficará com raiva de seu Manoel, se essa Câmara, daqui a um ano, aquela escola Santa Lúzia passar a se chamar Manoel Pedro de Moura.”
Vereador Emídio Júnior
“Hoje, não quero intitular situação ou oposição. Temos que levantar a bandeira do povo. Bandeira da luta e da igualdade racial. (…) Que nós pudéssemos, de fato e de direito, fazer essa frente parlamente de combate ao preconceito e a discriminação racial. (…) Não quero acreditar que o município não queira criar o Conselho Municipal e Coordenadoria da Igualdade Racial, pois são coisas muito simples.”