Fátima Bezerra concede entrevista ao coletivo Elas por Elas

Senadora Fátima Bezerra, candidata ao governo do estado.

1. Fale um pouco da sua história, onde nasceu, qual a sua trajetória de vida e como entrou na política.

“Eu nasci em Nova Palmeira, pequena cidade que fica no chamado Seridó paraibano, e vim para o RN para dar continuidade aos meus estudos. Aqui cursei todo o ensino médio, fiz Pedagogia na UFRN, me tornei educadora da rede pública estadual e do município de Natal. Fui dirigente sindical do SINTE, o maior sindicato do RN e um dos maiores do Nordeste, onde exerci vários cargos, inclusive o de Coordenação Geral. Acredito que a minha atuação à frente das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação nas décadas de 1980 e 1990 me credenciou a vencer a eleição de 1994, para deputada estadual. Daí, fui reeleita em 1998 com expressiva votação. Em 2002, com 163 mil votos, sendo a parlamentar mais votada, me tornei a primeira deputada federal do campo popular da história do RN. Fui reeleita em 2006 e em 2010, ano em que fui consagrada nas urnas e recebi do povo potiguar mais de 220 mil votos, novamente a mais votada no RN. A avaliação da minha atuação nos três mandatos de deputada federal, por parte do povo potiguar, me impulsionou a disputar o Senado Federal em 2014. Eleita, me tornei a primeira senadora de esquerda e de origem popular do RN. Agora em 2018, de novo ancorada em uma história de vida militante e de atuação parlamentar vitoriosa, vou à luta na disputa para o Governo Estadual.”

2. Quais os temas são prioritários para a sua candidatura? Quais discussões seu mandato irá fazer se eleita?

Sei que vou encontrar o Governo Estadual em crise, fruto da incompetência de sucessivas gestões e agravada pelos efeitos desastrosos das ações do golpista Temer. Tenho consciência de que não terei uma tarefa fácil, mas tenho tomado uma série de iniciativas para termos um programa de governo que supere a grave situação do nosso Estado, mas também que seja possível realizar. Estou convicta de que isto pode acontecer. Para tanto, conto com o apoio de um conjunto de especialistas nas mais diversas áreas, como segurança, saúde, desenvolvimento econômico, educação, meio ambiente, entre outros. Também contarei com o intercâmbio e parceria com vitoriosas experiências de Governo de outros Estados do Nordeste, como a Paraíba, Maranhão e Ceará. Além disso, temos o legado que representou os Governos Lula e Dilma, que tão bem fez ao Brasil e ao RN. Tenho orgulho de ter estado junto, trabalhando para que bens, obras e serviços chegassem ao RN e mudassem a vida do nosso povo. Para mim, um dos legados mais importantes e que mais me enchem de gratidão é ter contribuído para a interiorização da Educação, através dos IFRN’s.

3. Qual a importância de candidaturas de mulheres? Fale um pouco sobre a mulher na política.

Falar sobre mulheres na política brasileira é falar de um grande gargalo que ainda temos a vencer. Nosso país tem uma das mais baixas taxas do mundo de presença feminina no Congresso Nacional. Com apenas 10% de representação feminina na Câmara e 13% no Senado, nós ficamos na posição 116, em um ranking que avaliou a presença de mulheres no legislativo de 190 países. Temos 51 deputadas federais, de um total de 513. No Senado, somos 12 senadoras mulheres das 81 cadeiras. As taxas brasileiras ficam abaixo da média mundial, que é de 22,1% de mulheres nos Parlamentos. Os números brasileiros chegam a ser inferiores aos da média do Oriente Médio, que tem uma taxa de participação feminina de 16%. Apesar de sermos maioria na população, o número de homens eleitos nas últimas eleições chega a ser 36 vezes maior do que o de mulheres. Isso acontece porque há reserva de vagas para a campanha, mas não há garantia de cadeiras nas casas legislativas. De forma muito mais lenta do que gostaríamos, vamos tentando superar essa desigualdade que é tão prejudicial à democracia e à vida das mulheres. Catorze das 27 unidades federativas brasileiras não contam com representação de mulheres no Senado Federal. Na Câmara dos Deputados, cinco estados não têm nenhuma mulher entre os seus representantes. Essa baixa representação de mulheres no Parlamento dá margem para que matérias de cunho sexista e misógino sejam apresentadas e aprovadas. Precisamos estimular, apoiar e oferecer as condições para que mais mulheres ocupem os espaços de poder, onde as leis são formuladas ou executadas, para que não tenhamos apenas homens legislando sobre nossas vidas.